domingo, 2 de novembro de 2014

“Eleitores estão com horror aos partidos”

Entrevista - Agnelo Alves
Deputado pelo PDT

Deputado estadual reeleito pelo PDT, ex-prefeito de Parnamirim, pai do prefeito de Natal Carlos Eduardo, apontado por líderes políticos como um hábil articulador, Agnelo Alves é cauteloso na primeira análise que faz sobre o resultado do pleito potiguar, mas deixa escapar a avaliação de que os candidatos a deputado estadual e federal do palanque de Henrique Alves não priorizaram a eleição majoritária, como ocorreu, de fato, na aliança de Robinson Faria, que terminou sendo o vencedor do pleito. “Como explicar que o candidato a governador, que é sempre quem puxa o cordão, tenha chegado no final do cordão? A coligação que apoiou Henrique elegeu 16 deputados estaduais contra apenas seis eleitos pelo adversário”, observa Agnelo Alves. Ele confirma que será oposição na Assembleia, mas “sem radicalismo”. Sobre a escolha para presidente do Legislativo, ele disse que ainda não foi procurado por nenhum grupo, mas considerou natural a interferência do governador eleito Robinson Faria. Agnelo Alves avalia que a sucessão de 2016 já foi deflagrada.  O parlamentar descarta o plano de disputar a Prefeitura de Parnamirim, sinaliza que já tem alguns nomes, mas prefere não citar. Confira a entrevista com o deputado estadual Agnelo Alves.   
Alex RegisAgnelo Alves, deputado pelo PDT 
 Agnelo Alves, deputado pelo
 PDT

Qual a leitura que o senhor faz das urnas?
Uma leitura muito difícil porque no plano federal  a crise econômica, por mais que o Governo negue, está latente e crescente, tendo em vista a confissão, sem confissão, do aumento dos juros na primeira semana, quando a presidente Dilma vinha dizendo que o juro mais baixo era do governo dela e o mais alto era do governo de Fernando Henrique. Está aí a crise instalada. Ela (Dilma) já não pode mais negar e vamos ver em que isso vai dar. E no plano estadual houve um eclipse. Alguém desligou a luz. Temos um governador eleito a quem  caberá acender essa luz. Como ele vai acender e quem ele vai mostrar na claridade é que está na expectativa, não só sua, como minha e de todo Rio Grande do Norte.

Analisando politicamente o Rio Grande do Norte, o candidato Henrique Alves formou um palanque muito denso de partidos e líderes políticos. Do outro lado, havia um palanque aparentemente enfraquecido. Mas a lógica das urnas se inverteu. Por quê?
Porque o resultado foi um eclipse. Como explicar que o candidato a governador, que é sempre quem puxa o cordão, tenha chegado no final do cordão? A coligação que apoiou Henrique elegeu 16 deputados estaduais contra apenas seis eleitos pelo adversário. E federais elegeu seis e o adversário elegeu apenas dois. Robinson puxava os  deputados dele estaduais e federais e Henrique aparecia no final do cordão, eu não sei se empurrando os candidatos a deputado ou os deputados querendo se livrar dele. Porque a realidade das urnas foi uma apagão que estamos esperando que Robinson acenda. E ele tem condições e deverá acender.

Com esse quadro, o que foi determinante para eleição de Robinson Faria?
Foram vários fatores. Muitos fatores, inclusive essa de que Robinson era quem aparecia unicamente do lado de lá. Você não ouvia falar quem era os candidatos a deputado estadual que o apoiava ou os deputados federais, exceto o filho dele (Fábio Faria, que foi reeleito)  e o outro que veio aparecer no final com o apoio da governadora Rosalba Ciarlini, que foi o sobrinho dela (Betinho Rosado Segundo).

A governadora Rosalba Ciarlini atuou decisivamente nessa campanha?
Sem dúvida. Não decisivamente porque a maioria foi muito grande, mas deu uma contribuição verdadeiramente fantástica. Mas isso numericamente, tanto que politicamente ela não apareceu, mas como era consciente do poderio eleitoral, ela (Rosalba) se satisfez em aparecer apenas aritmeticamente.

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