sábado, 6 de setembro de 2014

No RN, a cada três poços perfurados, um não possui água

Nadjara Martins
repórter

A cada três poços que são perfurados no interior do Rio Grande do Norte, um não possui água. O dado é da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), feito com base nas perfurações de poços realizadas nos últimos três anos. Dos 781 poços perfurados desde  2011, 270 estavam secos. Os 511 restantes nem sempre resultam em boa vazão ou água com qualidade.
DivulgaçãoApesar da baixa resolutividade, Semarh mantém perfuração na zona rural. Caicó já recebeu 29 poços 
 Apesar da baixa resolutividade,
Semarh mantém perfuração na zona rural. Caicó já recebeu 29 poços

Na visão de especialistas, essa baixa resolutividade dos poços se deve, principalmente, às condições climáticas e geológicas do Estado. Por exemplo, 80% da área total do RN está sob rocha cristalina: tipo de rocha com baixa possibilidade de infiltração de água. Regiões como o Seridó e o Alto Oeste do Estado estão completamente sobre esse tipo de rocha. A pouca água que vem da chuva fica infiltrada em pequenas “fraturas” sob o solo. Já no caso da rocha sedimentar, que está presente principalmente no litoral, a estrutura é esponjosa, o que permite a absorção de água e a facilidade de extração do líquido por meio dos poços.
Segundo o geólogo Roberto Pereira, professor do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), a perfuração de poços é uma política prioritária apenas para as áreas de grande necessidade, uma vez que a perfuração envolve riscos. “Mais de 80% do Estado é semiárido e essas regiões, com exceção do litoral, estão sob o cristalino. Há casos em que você perfura um poço e dá água; perfura dois ao lado e não dá água. Além disso, há risco de dar água muito salobra (com muito sal) e com a vazão baixa”, aponta Pereira.

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