Estudo aponta falhas e propõe mudanças nos concursos públicos
Mariana Tokarnia
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Um estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) Direito Rio e
da Universidade Federal Fluminense (UFF) apontam problemas nos concursos
públicos federais. Entre eles, provas que não avaliam as experiências e
o conhecimento do candidato e má gestão. As duas instituições propõem
mudanças no processo de recrutamento para o serviço público.Repórter da Agência Brasil
O estudo mostra que o concurso tem perdido a principal finalidade para o qual foi criado, que é selecionar um profissional adequado para cargo na administração pública. "O concurso no Brasil tem cada vez mais se tornado um fim em si mesmo. Seleciona as pessoas que têm mais aptidão para fazer prova de concurso. Temos uma ineficiência de fiscalização de competências reais. E além disso, apesar de existirem mecanismos que possibilitam a demissão, como o estágio probatório, eles quase não são utilizados. Os concursos hoje alimentam um mercado milionário", avalia o coordenador da pesquisa e professor da FGV Direito Rio, Fernando Fontainha, que divulgou levantamento.
Os dados vão além e apontam que os salários ofertados são estipulados
conforme a complexidade do certame, e não com base no nível acadêmico ou
na competência do candidato. Quanto mais difícil e maior o número de
provas, maiores as remunerações.
Para reverter esse cenário, o estudo propõe medidas, como o fim das
provas objetivas (múltipla escolha). De acordo com o levantamento, cerca
de 97% das provas aplicadas em 698 seleções, entre 2001 e 2010, seguiam
o modelo. A proposta é o uso de questões escritas discursivas que
abordem situações reais a serem vivenciadas pelos futuros contratados.
Além disso, defende a aplicação de prova prática nos casos em que a
discursiva for insuficiente para avaliar a qualificação do candidato.
Outra proposta é impedir o candidato de se inscrever para o mesmo
concurso mais de três vezes. O estudo constatou que acima de um terço
dos inscritos não comparece ao certame. "A realização das provas é algo
caro. A intenção é que o candidato se inscreva quando tiver condições de
passar [aprovado]", explica Fontainha.
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