Presos abrem túneis desde 2001
Aura Mazda, Ricardo Araújo, Hudson Helder e Júlio PinheiroAo longo de 13 anos, um complexo de túneis levou mais de uma centena de presos que cumpriam pena na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, à liberdade ilegal. Uma caverna descoberta no início da semana passada pela direção da casa carcerária não é uma rota nova para fugas, mas a ampliação de uma estrutura cuja montagem diária pelos apenados remonta mais de uma década.
Cedida
Abertura principal do túnel foi
fechada com metralha e cimento
O primeiro túnel que se tem notícia foi descoberto no Pavilhão 1 de Alcaçuz em 2001, três anos depois de sua inauguração. Desde então, uma complexa teia de galerias clandestinas se formou embaixo daquele e dos pavilhões sem que nenhuma atitude enérgica quanto ao correto fechamento das estruturas fosse tomada por antigos e atuais secretários de Segurança Pública ou chefes do Executivo Estadual.
Desocupados dia e noite, pois pouco do que se pensou para a ocupação dos presos se concretizou, um trabalho paciente consumiu o esforço de aproximadamente 250 homens que cumpriram ou cumprem pena em uma das 36 celas do Pavilhão 1. Mesmo aqueles que não pretendiam fugir eram obrigados a escavar sob ameaça de morte. Os túneis se formaram, uniram celas e permitiram aos detentos uma livre e tranquila circulação clandestina pelas alas do Pavilhão referido.
A areia extraída do solo, cujo quantitativo exato não foi mensurado, era escondida no teto das alas, nos baldes de lixo, na tubulação da rede sanitária de esgoto e serve de pilar, através do “empacotamento” em camisetas, lençóis e sacos plásticos, das próprias escavações.
“A gente sabia que existia um túnel e decidimos cavar no local. Achamos a caverna. Aquilo já fazia alguns anos que era construída”, afirmou o diretor de Alcaçuz, Ivo Freire. Para executar a operação, os presos utilizam desde colheres de alumínio às pás dos ventiladores levados pelas famílias para amenizar o calor nas celas. Através de buracos feitos nos pisos, o trabalho é iniciado e consome dias e noites dos apenados.
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