domingo, 14 de dezembro de 2014


Presos abrem túneis desde 2001

Aura Mazda, Ricardo Araújo, Hudson Helder e Júlio Pinheiro
Repórteres, Chefe de Reportagem e Editor do TN Online

Ao longo de 13 anos, um complexo de túneis levou mais de uma centena de presos que cumpriam pena na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, à liberdade ilegal. Uma caverna descoberta no início da semana passada pela direção da casa carcerária não é uma rota nova para fugas, mas a ampliação de uma estrutura cuja montagem diária pelos apenados remonta  mais de uma década. 
CedidaAbertura principal do túnel foi fechada com metralha e cimento 
 Abertura principal do túnel foi
 fechada com metralha e cimento

O primeiro túnel que se tem notícia foi descoberto no Pavilhão 1 de Alcaçuz em 2001, três anos depois de sua inauguração. Desde então, uma complexa teia de galerias clandestinas se formou embaixo daquele e dos pavilhões sem que nenhuma atitude enérgica quanto ao correto fechamento das estruturas fosse tomada por antigos e atuais secretários de Segurança Pública ou chefes do Executivo Estadual.

Desocupados dia e noite, pois pouco do que se pensou para a ocupação dos presos se concretizou, um trabalho paciente consumiu o esforço de aproximadamente 250 homens que cumpriram  ou cumprem pena em uma das 36 celas do Pavilhão 1. Mesmo aqueles que não pretendiam fugir eram obrigados a escavar sob ameaça de morte. Os túneis se formaram, uniram celas e permitiram aos detentos uma livre e tranquila circulação clandestina pelas alas do Pavilhão referido.

A areia extraída do solo, cujo quantitativo exato não foi mensurado, era escondida no teto das alas, nos baldes de lixo, na tubulação da rede sanitária de esgoto e serve de pilar, através do “empacotamento” em camisetas, lençóis e sacos plásticos, das próprias escavações.

“A gente sabia que existia um túnel e decidimos cavar no local. Achamos a caverna. Aquilo já fazia alguns anos que era construída”, afirmou o diretor de Alcaçuz, Ivo Freire. Para executar a operação, os presos utilizam desde colheres de alumínio às pás dos ventiladores levados pelas famílias para amenizar o calor nas celas. Através de buracos feitos nos pisos, o trabalho é iniciado e consome dias e noites dos apenados.

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