Sobrepeso, sedentarismo e tabagismo têm ligação com a hérnia de disco
No Dia Mundial da Coluna Vertebral, ortopedista explica as causas desta lesão comum entre atletas e destacas as novas formas de tratamento utilizadas para o retorno ao esporte
Por Adriano Leonardi, São Paulo
Neste 16 de outubro, Dia Mundial da Coluna Vertebral, vamos falar sobre
a hérnia de disco, que é uma lesão frequente no esporte e causa comum
de dores nas costas. Dependendo do caso, um atleta com esse problema
pode ficar afastado por meses. Esportes que exigem posturas fixas por
muito tempo, como o ciclismo, ou que seguem com aumento da pressão na
coluna, como o levantamento de peso, principalmente se realizado de
maneira errada, estão ligadas à sua maior incidência. Entretanto, com um
tratamento adequado, os praticantes geralmente podem encontrar alívio
nos discos e voltar aos treinos.
Como o próprio nome sugere, os discos intervertebrais de nossa coluna
são estruturas localizadas entre as vértebras e são formados pelos
anulos fibrosos, parte externa densa de cartilagem e um centro
gelatinoso chamado núcleo pulposo. Eles atuam como amortecedores das
vértebras. Sua função está ligada à transmissão de energia cinética pela
coluna e auxiliar nos movimentos de flexo-extensão e rotação.
Ao contrário do que se pensa, são estruturas fortes. Uma pessoa
sentada, por exemplo tem duas vezes o seu peso corporal sobre os discos
intervertebrais e, durante a corrida, chega a três vezes. Alguns fatores
estão ligados ao enfraquecimento do disco: idade, fatores genéticos,
tabagismo, pouca ingestão de água, sobrepeso e o sedentarismo. Por este
motivo, são mais suscetíveis à lesão esportistas esporádicos que não
realizam treino funcional, com faixa etária entre 35 e 50 anos e que
praticam esporte sem regularidade.
Uma vez lesionado, o anulo fibroso rompe-se e joga seu conteúdo para
fora de seu espaço. Isso gera reação inflamatória intensa, que, se
associada ao pressionamento dos nervos espinhais, pode levar a um quadro
extremamente incapacitante, com perda de força e sensibilidade nos
membros.
Dependendo da localização da hérnia de disco, o atleta pode
experimentar diferentes sintomas. Uma hérnia de disco lombar, que ocorre
na parte inferior das costas, pode causar fraqueza, formigamento ou
dormência na perna ou nádegas e uma dor ardente no pescoço. Já uma
hérnia de disco na coluna cervical, localizada no pescoço, pode causar
formigamento, dormência ou fraqueza em um dos braços e uma dor ardente
nos ombros, pescoço e braço.
Sintomas neurológicos mais graves como fraqueza e dormência indicam
gravidade da lesão com possível tratamento cirúrgico. No entanto, o
tratamento de um médico qualificado pode fazer um praticante de esporte
voltar à ativa.
O tratamento primário é clínico, realizado com descanso das atividades,
fisioterapia e medicamentos para aliviar os sintomas da dor. Se os
métodos mais conservadores não funcionam, pode-se optar pelas
infiltrações da coluna. Se os sintomas persistirem após algumas semanas
de tratamento não-cirúrgico, a cirurgia pode ser considerada.
Geralmente, envolve a remoção de toda ou parte da hérnia de disco para
aliviar a pressão sobre os nervos.
A cirurgia tradicional é feita através de uma incisão para acessar a
área afetada, onde é retirado parte ou de forma completa, o disco
intervertebral que está prejudicado. O cirurgião pode usar enxertos
ósseos do quadril do atleta para fundir as vértebras acima e abaixo da
hérnia de disco, criando mais estabilidade na coluna vertebral.
Avanços contínuos das técnicas de cirurgia minimamente invasiva da
coluna têm levado a popularização da cirurgia endoscópica, permitindo ao
cirurgião realizar o procedimento através de uma incisão menor do que
uma cirurgia aberta tradicional. Procedimentos minimamente invasivos são
ideais para atletas, pois as técnicas utilizadas resultam em danos
mínimos nos tecidos que rodeiam a coluna vertebral, muitas vezes
resultando em um tempo de recuperação mais rápido.
O resultado desses procedimentos pode variar para os atletas, que
colocam o corpo em estresse acima de pessoas inativas. Mas
aproximadamente 90% dos atletas retornam aos esportes com o mesmo nível
de função que tiveram antes da lesão e podem adicionar anos à carreira.
Felizmente, para a grande maioria dos casos, o tratamento conservador
envolvendo repouso, uso de coletes e trabalho rigoroso do fortalecimento
do conjunto muscular estabilizador do quadril e coluna lombar, também
denominado CORE tem excelentes resultados para 80 a 90% dos casos.
Medidas preventivas envolvem controle do peso, a inserção de técnicas
como o pilates e RPG na rotina de treinos, abandono do tabagismo,
hidratação correta durante e fora do esporte, dentre outras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário