A incrível história do amputado por choque que construiu braço com sucata
Inventor autodidata de Fortaleza, que é surdo de nascença, construiu próteses com peças descartáveis e utensílios domésticos; trabalho impressiona até especialistas.
José
Arivelton Ribeiro teve o braço direito amputado e desenvolveu
habilidade com a mão esquerda para produzir próteses (Foto: Rafael Luis
Azevedo/BBC)
A vida de José Arivelton Ribeiro nunca mais foi a mesma depois de 5 de
setembro de 2012. Naquele dia, a energia da lojinha de eletrônicos da
família, em Fortaleza, foi cortada por falta de pagamento.Como ninguém sabia quando a luz iria voltar, Arivelton decidiu retirar a antena de TV da loja para usá-la em casa. Pendurou-se na janela, no segundo andar, e cometeu um erro quase fatal.
Por descuido, a antena tocou um fio de alta tensão. A descarga de 18 mil volts arremessou Arivelton para dentro da sala, e chegou a derrubar a iluminação dos postes da região.
O choque feriu o pescoço e a língua de Arivelton, e também comprometeu o braço direito, que precisou ser amputado na altura do antebraço.
Seria mais um obstáculo na vida desse cearense de 48 anos, que nasceu surdo e não aprendeu a falar. Mas rendeu uma bela história de dedicação.
Ari, como é conhecido, passa boa parte do dia enfurnado numa oficina de quintal. Em meio a peças recolhidas em depósitos e na cozinha da mãe, colocou na cabeça: irá construir a prótese mais barata existente, para devolver movimentos a si e a qualquer amputado como ele.
Em pouco tempo, ele produziu duas próteses do braço direito, uma mecânica e outra elétrica, e já trabalha na terceira, que deseja ser computadorizada. "Meu sonho é ajudar as pessoas", diz Ari à BBC Brasil, sempre com ajuda da mãe na tradução.
Próteses foram feitas com peças
descartáveis e partes de utensílios domésticos (Foto: Rafael Luis Azevedo/BBC)
O inventor autodidata, que se comunica por meio de sinais com a mão
remanescente, construiu as próteses com peças descartáveis e partes de
utensílios domésticos.
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