Brasília comemora Dia Internacional de Combate à Corrupção com corrida de rua
Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O Dia Internacional de Combate à Corrupção, criado em 2003
pela Organização das Nações Unidas (ONU), foi comemorado na Capital
Federal com uma corrida que reuniu cerca de 1.200 atletas inscritos,
além dos que participaram informalmente, no Eixo Monumental, uma das
principais vias da cidade.
A corrida foi dividida em duas provas (5 e 10 quilômetros). Os atletas
aproveitaram a competição para celebrarem medidas de combate à
corrupção, como a Lei da Ficha Limpa e o julgamento da Ação Penal 470, o
processo do mensalão.
Ziller Henrique, um dos organizadores da corrida e auditor do Tribunal
de Contas da União (TCU) disse que a Corrida Contra a Corrupção, que vem
ocorrendo há três anos, não foi criada para ser mais um protesto. “O
evento é para celebrar os avanços consistentes que temos visto ao longo
dos anos no combate à corrupção e dar mais visibilidade ao movimento”,
disse. A intenção dos organizadores é mostrar ações que podem ser
adotadas pela sociedade.
“Eu não vejo outra possibilidade de se vencer a corrupção de maneira
consistente, se não com a efetiva ação da sociedade. Por isso, todas as
nossas atividades procuram envolver o cidadão voluntariamente neste
trabalho. A gente já conhece essa realidade. Sou auditor do TCU e posso
dizer que os órgãos de controle não têm condições de fiscalizar tudo. Se
o cidadão não se envolver ativamente, a gente não vai conseguir um
avanço concreto”, avaliou Ziller.
Para
Jovita Rosa, presidenta do Instituto Finanças e Controle (IFC),
entidade que organizou a corrida e coordena o Movimento Nacional da
Ficha Limpa, a mobilização social já mostra resultados. “A gente percebe
que o movimento está fazendo uma primavera brasileira [referência à
Primavera Árabe – movimento popular que derrubou ditaduras em diversos
em países islâmicos] sem derramamento de sangue de forma pacifica,
propositiva e vamos conseguir avançar sim e vencer a corrupção”, disse.
Jovita lembrou que foi a mobilização da sociedade do Distrito Federal
que fez com que Câmara Distrital acabasse com o 14º e 15º salários que
eram pagos para os deputados distritais. “Houve repercussão dessa
vitória e no Amapá, por exemplo, a sociedade se organizou, e a verba de
gabinete que era R$ 100 mil por mês caiu para R$ 50 mil. No Maranhão,
tinha até 18º salário. Hoje vai até 15º. Ainda é absurdo, mas
conseguimos avançar”, acrescentou.
Segundo dados do IFC, em 2004, quando foi lançado o projeto Adote um
Município, com a proposta de que servidores da área de controle
adotassem uma organização não governamental para fazer controle das
contas publicas de suas cidades, existiam apenas cinco ONGs. Hoje, o
número de organizações em vários municípios do país passou para 250.
O
atleta Alex Sandro Jesus de Oliveira, que começou a participar de
corridas de rua este ano, manifestou a sua alegria por ter participado
de um evento de grande apelo social em por ter vencido a prova de 10
quilômetros. “Consegui o primeiro lugar, percorrendo os 10 quilômetros
em 34 minutos e 12 segundos. A gente treina muito, uma corrida dessa é
difícil. O horário é ruim, às 9h, sol e muito calor”, disse. Segundo
ele, a vitória é uma “tentativa de vencer a luta contra a corrupção, mas
essa luta tem que ter todo mundo”, ressaltou.
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